Olá pessoal, hoje nós iremos conversar com a Luana Cardoso, profissional do ramo da gastronomia, formada pela escola de cozinheiros do Senac e graduada pela Unijorge. Com uma vasta experiência na cozinha, tendo trabalhado em alguns restaurantes da capital baiana, Luana resolveu "abandonar" a profissão fora do lar para se dedicar a criação da sua filha, nesse projeto ela criou uma página na internet onde divulga diariamente receitas e experiências que têm com a filha, um projeto que está sendo desenvolvido por ela.
Então, vamos conhecer um pouco sobre a opnião da nossa entrevistada sobre algumas questões.
1ª Como você
descobriu que queria trabalhar com alimentação?
Eu
sempre fui muito curiosa na cozinha. Adoro comer, quem não gosta? rs
Mas, foi
aos 18 anos que decidi que queria fazer um curso de cozinha na França. Aqui, eu
não conhecia na época, nem mesmo o Senac. Mas, o meu visto foi negado, pois a
escola que seria matriculada só aceita nativos, por serem parceiros do governo,
então não abriam vagas para estrangeiros. Mas, logo depois, conheci o Senac,
fiz o curso de Cozinheiro por 6 meses, e antes mesmo de terminar o curso já
estava trabalhando em um restaurante português, com um chef português mas com
vivência no Canadá, chef Gualter Freire. Eu costumo dizer que foi com ele que
encarei mesmo a realidade de uma cozinha, em relação à ordem e disciplina, da
importância de ter a base de cozinha para então criar, inovar.
2ª Pra você,
qual o maior desafio para um profissional da gastronomia?
Acredito que de um modo geral,
pela existência de muitos segmentos diferentes na vertente do ofício de
cozinheiro, o maior desafio desse profissional hoje, é construir a sua
identidade. Numa época em que há muitas ofertas de profissionais qualificados,
não qualificados, auto-didatas e etc, o maior desafio é justamente encontrar o
seu “lugar ao sol”. Manter-se atualizado para unir muito bem a prática com os
conhecimentos de base teórica que auxiliam na construção do profissional de
cozinha.
3ª Entre
estudar no Senac e em uma universidade, qual foi a maior diferença para você?
A principal diferença com certeza
é a prática. O Senac dá essa noção, dá os alicerces pra que se construa a base.
Vai muito do interesse de cada um aproveitar as oportunidades. Pra quem nunca
na vida entrou numa cozinha de restaurante, essa vivência da prática realmente
prepara o indivíduo para o que se deve esperar no mercado lá fora. A faculdade
é imprescindível para aumento de novos conhecimentos, mais precisamente de base
teórica, que enriquecem o entendimento dos processos que envolvem uma cozinha
profissional, bem como gestão, ética, segurança alimentar, etc, que são
inerentes ao um bom profissional
4ª Qual
desafio você considera maior, cozinhar para dezenas de pessoas ou apenas para
um bebê?
São realizações e dificuldades
diferentes. Eu amo a minha profissão, mas quem trabalha com gastronomia sabe que
a jornada de trabalho é bem puxada e eu precisaria me ausentar demais de casa.
Filhos são heranças de Deus, é muita responsabilidade. Então, o meu maior
projeto de vida é a minha filha. Fiz a escolha de dar uma pausa em trabalhar
fora de casa para cuidar dela, acompanhar de perto o desenvolvimento, não
terceirizar a sua educação, e isso inclui, cozinhar bem para ela. E estou muito
feliz de poder estar seguindo o meu coração e poder estar com ela. Nós
começamos a introdução complementar aos 6 meses, e eu tenho lido bastante sobre
alimentação consciente, saudável. Estou vivendo uma vertente da minha
profissão, posso não estar mais empregada oficialmente, mas continuo estudando,
me atualizando, cozinhando, enfim, construindo minha identidade na gastronomia.
De tanta paixão por cozinhar para minha filha, estou com um novo projeto em
processo de pesquisa em alimentação infantil para formular a base de uma futura
consultoria. Por enquanto, estou divulgando algumas receitas saudáveis de
papinhas, que faço na minha cozinha para a minha filha, que está com 8 meses,
através da página no Facebook, se chama COZINHA DA CLOE.
5ª Como mãe,
como você considera o mercado gastronômico infantil? (em relação às “comidas
prontas”)
Em relação
às papinhas, comidas para bebês, o mercado ainda é muito pequeno. A melhor
opção é fazê-las em casa, com alimentos frescos, sem nada de conservantes, com
texturas que estimulem a mastigação e o paladar do bebê. Para as mamães que não
cozinham e que têm dúvidas sobre o preparo, ou para aquelas que não têm tempo
de cozinhar alimentos fresquinhos todos os dias para seus bebês/crianças por
conta da vida corrida, têm as opções de consultores de alimentação infantil que
ensinam receitas, montam cardápios e/ou fazem as refeições na casa da cliente,
conforme os alimentos liberados pelo pediatra e/ou nutricionista.
6ª Ainda
falando de alimentação infantil, você considera que existem muitos mitos com
relação ao que dar e não dar para uma criança comer?
Acontece
que é cultural ver crianças se lambuzando com guloseimas; batatas fritas, bebês
tomando mamadeiras com farinhas engrossantes, tomando petit suisses,
refrigerantes cheios de açúcar, corante e tudo mais. Muito do que é dito que é
certo vem passando dos avós, pais pra chegar aos filhos. Mas quem vem
influenciando os hábitos alimentares das pessoas? A mídia influencia
fortemente, as indústrias investem muito e mais do que nunca vem fazendo
propagandas direcionadas ao público infantil. Muitos alimentos disfarçados de
opções saudáveis, mas são, na verdade, cheios de açúcar, sal, corantes,
conservantes e não apropriados. Usam os
personagens de desenhos animados e musicais, para atrair as crianças, fazendo
com que elas optem por biscoitos recheados, hamburgueres e batatas fritas,
guloseimas... E tudo isso, definitivamente, não é alimento para uma criança que
está em fase de crescimento e formando seu paladar. As crianças não deveriam
estar consumindo isso tão cedo. O fato é que podemos oferecer uma alimentação
saudável e nutritiva para nossas crianças. É uma questão de mudanças de
pensamento e de hábitos...
7ª Como você avalia a sua formação
acadêmica, você considera que o curso oferecido foi suficiente para te preparar
para o mercado de trabalho?
Sim,
acredito que tudo que fiz cooperou para minha formação. Trabalhar com cozinha é
muita prática também. Então desde o curso de Cozinheiro pelo Senac,
restaurantes que tive a oportunidade de trabalhar, faculdade de gastronomia,
tudo isso só tem a somar conhecimento à profissão.
Lembrando que os estudos não devem se resumir ao um curso, temos que estar
estudando, lendo, atualizando, pois a gastronomia é dinâmica, instintiva e,
portanto, novos e mais novos conhecimentos surgem pra nos ajudar a evoluir na
profissão.
https://www.facebook.com/cozinhadacloe
Luana e Cloe Cardoso
Gastrônoma
Por Clara Santos
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